foto: Ararajuba
Publicação aponta 627 espécies da fauna brasileira que estão em risco de extinção.
No fim de 2009, a União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN, na sigla em inglês) divulgou a nova edição da The IUCN Red List of Threatened Species, conhecida como livro vermelho, relação que indica as espécies mais ameaçadas do planeta. A lista conta com 47,6 mil espécies das quais quase 18 mil correm risco de extinção.
A avaliação é feita desde 1966 por especialistas de todo o mundo, que fazem um levantamento dos dados científicos disponíveis sobre cada espécie em todos os locais em que é encontrada. Posteriormente, esses dados são separados por país. A lista traz informações relacionadas à disposição geográfica, aspectos biológicos e ambientais das espécies.
A versão nacional desse trabalho, o Livro Vermelho das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção, lista 627 espécies do país. De acordo com Adriano Paglia, biólogo da Conservação Internacional do Brasil (CI) e um dos editores do livro, o levantamento de espécies ameaçadas foi feito pelo Ministério do Meio Ambiente e pela Fundação Biodiversitas em 2003, com colaboração da CI, e tem sido atualizado anualmente.
Entre as maiores ameaças à fauna brasileira estão o desmatamento, o avanço das áreas de agricultura e pecuária, o tráfico de animais, o crescimento das áreas urbanas e a construção de hidrelétricas. Veja a seguir algumas das espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção:
. Ararajuba: A espécie habita principalmente as florestas de terra firme nos estados do Maranhão e do Pará, no chamado "arco do desmatamento da Amazônia". É normalmente observada nas copas das árvores e se alimenta de uma grande variedade de frutos, cocos, flores e sementes. Com sua plumagem amarelo-dourada e verde, a ararajuba é considerada uma das aves mais bonitas do país - e, por isso, um dos alvos preferidos do tráfico de animais silvestres. Geralmente, as aves são retiradas ainda filhotes, mas já foi registrada a captura de animais adultos.
.Gato-maracajá: O pequeno felino também é conhecido como gato-peludo ou maracajá-peludo. É extremamente ágil, podendo até descer uma árvore de cabeça para baixo, mas geralmente se desloca pelo solo, para caçar mais facilmente, mas pode ser encontrado em áreas abertas, como o cerrado e o pantanal. Originalmente, o gato-maracajá ocorria em todo o leste do brasil, com exceção da caatinga. No nordeste, praticamente desapareceu com a destruição da Mata Atlântica e hoje é encontrado apenas em partes do Sul da Bahia. O gato-maracajá também é alvo do tráfico de animais silvestres, especialmente na Região Norte do país.
.Pato-mergulhão: Uma das aves aquáticas mais ameaçadas em todo o mundo, o pato-mergulhão é naturalmente raro, com população pequena, e ainda sofre a perda do seu habitat com a construção de hidrelétricas, a poluição das águas e atividades de mineração, agricultura e pecuária às margens dos rios. A espécie precisa de grande territórios lineares - cerca de 10km - em rios limpos com correnteza e cercados por florestas. É encontrada principalmente nas regiões dos parques da Serra da Canastra (MG), da Chapada dos Veadeiros (GO) e do Jalapão (TO) e no Alto Paranaíba (MG). O pato-mergulhão é sedentário, altamente territorial e arredio, afastando-se ao menor sinal de perturbação. Também é monogâmico e vive aos pares ou em pequenos grupos familiares.
.Muriqui-do-norte: É o maior primata das Américas e o maior mamífero endêmico da Mata Atlântica brasileira. A espécie é encontrada em regiões dos estados de Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia. Os muriquis se alimentam principalmente de folhas, frutos, flores e outras partes vegetais, como cascas de árvores, brotos de bambu e néctar.
Utilizam vários tipos de habitats florestais e se deslocam de acordo com a disponibilidade de itens preferidos da dieta. A espécie é considerada criticamente em perigo, ameaçada, principalmente, pela caça indiscriminada e pelo desmatamento.
.Cervo-do-pantanal: A espécie era encontrada originalmente por todo o pantanal e em áreas de várzea dos principais rios brasileiros, com exceção do Amazonas, e sofreu uma redução populacional intensa no século 20. O cervo-do-pantanal precisa de áreas de várzea para sobreviver: a água o ajuda a combater o calor, as matas ciliares proporcionam alimento durante todo o ano e abrigo contra seu principal predador, a onça. Mas a espécie não conseguiu escapar do avanço das cidades, das áreas de agricultura e pecuária e, mais recentemente, das inundações para a formação dos lagos das usinas hidrelétricas. Além disso, também sofre com as doenças introduzidas por bovinos domésticos, como a febre aftosa.
Fonte: Revista Horizonte Geográfico, edição n° 127, ano 23.
domingo, 14 de março de 2010
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